Cadaval de lés a lés

Este Blog pretende ser um espaço de intervenção cívica especialmente vocacionado para as questões relacionadas com o concelho do Cadaval. Não haverá limites em relação aos temas a discutir, apenas se recomenda a urbanidade dos mesmos.

domingo, março 12, 2006

Gripe Aviária; Uma ameaça global, Um negócio chorudo ou Um pânico colectivo?

A gripe aviária e mais concretamente o vírus H5N1 é de certeza o que mais preocupa a comunidade mundial ao nível das autoridades de saúde pública e veterinária, tendo em conta o risco para os humanos que tal situação já está ou pode vir a criar, assistindo-se já ao início da propagação da doença a várias regiões resultando numa panzootia (animais) e podendo vir a assumir carácter ainda mais grave com uma pandemia (Homem).
Atente-se ao quadro seguinte, publicado pelo CENEGA (Centro Nacional de Emergência da Gripe Aviaria) e observem-se alguns registos sobre a matéria.

Quadro 1. Principais surtos de gripe aviaria dos últimos 20 anos

Zona Geográfica - Anos - Subtipo de vírus

EUA - 1983-1985 - H7N2

PAQUISTÃO - 1994-1995 - H7 H9N2

MÉXICO - 1994-1995 - H5N2

HONG-KONG - 1997 - H5N1

SUL DA CHINA - 1997 - H5N1

AUSTRÁLIA - 1992-1995-1997 - H7

ITÁLIA - 1997 e 2005 - H7N2 H5N2

HOLANDA - 2003 - H7N7

SE ASIÁTICO - 2003-2005 - H5N1

EUA (DAKOTA) - 2004 - H7N2

CANADA - 2004 - H7N3

CAZAQUISTÃO - 2005 - H5N1

RÚSSIA - 2005 - H5N1

TURQUIA - 2005 - H5N1

ROMÉNIA - 2005 - H5N1

É de facto uma situação preocupante para a saúde pública mundial, porquanto se não forem tomadas as devidas precauções higiénico - sanitárias, a mesma poderá assumir contornos de catástrofe na humanidade, sendo por isso uma clara ameaça global.
Diz o ditado popular que “para grandes males, grandes remédios”. De facto, as acções para evitar o pior, têm que ser concretas e eficazes a todos os níveis: o levantamento das quantidades e localização de efectivos; as condições de higiene em que se encontram; o provável contacto com aves migratórias; o manuseamento humano dos animais etc, são situações que levam a uma necessária avaliação do risco para a tomada de medidas pelas autoridades responsáveis, bem como pela população em geral. Não deixa contudo de ser certo que para a preparação para enfrentar uma eventual pandemia são necessárias grandes quantidades de vacinas e que naturalmente tal situação corresponde a uma autêntica mina de ouro para a indústria farmacêutica, constituindo tal, para alguns, um negócio chorudo.
Por outro lado, os media, pese embora o importante papel na divulgação do problema e das necessárias medidas associadas, procuram também tirar partido da situação, divulgando quiçá com algum exagero, pequenos acontecimentos de morte de animais que sempre se registaram ao longa da vida, desde o pombo que aparece morto numa rua de Lisboa, porventura por morte natural ou atropelamento na via pública, até às televisões que se deslocam aos confins do país para transmitir em directo comentários acerca da morte de uma galinha, um pato, uma perdiz ou mesmo um coelho.
Tudo isto porque do ponto de vista jornalístico, as notícias da gripe das aves são alvo também de um certo empolamento, que leva a vender mais, contribuindo para um aumento excessivo do pânico nas pessoas.
Ainda assim mais vale exagero de informação ainda que tenha efeitos colaterais nocivos, do que a ignorância da população, que a confirmar-se a pandemia, em nada contribuiria para a profilaxia e minimização do problema.
De registar também, na sequência dos inúmeros comentários e notícias nem sempre muito esclarecedoras, que da própria população se assiste muitas vezes a denúncias de situações de morte de animais que são perfeitamente normais mas que ao denunciá-las ás autoridades fazem mobilizar um conjunto de meios públicos os quais são pagos por todos nós, começando por isso a haver um certo pânico colectivo, que cabe às entidades competentes controlar, sob pena de se entrar em exageros que são evitáveis.
Será importante também analisar em que condições são criadas e manuseadas as aves nas zonas onde tem tido origem este problema, nomeadamente na Ásia.
Quais são as condições de vida daquelas populações, quantas horas trabalham consecutivamente junto dos animais, que condições de assistência médica e social podem contar tais trabalhadores, que instalações e meios de transporte existem para garantia do bem estar animal, que controlo é feito aos produtos que incorporam as rações utilizadas?
E no Cadaval como é que vemos este problema, que opiniões temos acerca do mesmo? O que tem feito a Câmara Municipal ou as Juntas de Freguesia sobre o assunto, pouco ou nada parece-nos. Não sendo tarde, há medidas que concerteza se estão a preparar de acordo com o Plano de Contingência elaborado pelas autoridades competentes a que os responsáveis locais não podem ficar alheios, sendo por isso expectável que a autoridade veterinária municipal emita rapidamente orientações claras sobre a matéria.
O actual Presidente da Câmara deu a cara por ocasião de outra crise do sector avícola – a crise dos nitrofuranos – promovendo um mega churrasco. Será que também agora terá algum plano para ajudar o sector e sobretudo ajudar a desmistificar o falso perigo no consumo da carne de frango? É que a carne de frango é a alimentação mais acessível para os que têm menos possibilidades económicas e não faz sentido deixar de se consumir aves em Portugal, porque até agora não há qualquer motivo para abdicar de um saboroso frango assado no espeto.
A avicultura no concelho é responsável por centenas de postos de trabalho directos e indirectos, desde a produção, passando pelos matadouros até à transformação e comercialização.
Quantas pessoas trabalham nos matadouros Aviboiça e Aviário do Pinheiro ou nas pequenas unidades de transformação, que riqueza gera tal vertente do tecido económico do concelho? A nova associação de empresários do concelho o que está a fazer sobre esta matéria?
Caras e Caros Blogger’s, de acordo com os princípios e fins do Blog, aqui fica mais uma matéria de reflexão e naturalmente o espaço para quem quiser dissertar sobre esta importante problemática, independentemente de com maior ou menor rigor técnico o poder fazer, o importante é expressarmos a nossa opinião enquanto cidadãos.

sábado, março 04, 2006

Eventual encerramento do SAP 24horas do Centro de saúde do Cadaval

Consta que o Serviço de Atendimento Permanente do Centro de saúde do Cadaval (SAP) irá encerrar entre as 22 ou as 24 horas e as 8:00 da manhã.
Diz-se que o motivo tem a ver com a necessidade do Governo em reduzir despesas com os serviços públicos, face ao número médio de atendimentos, os quais não chegam a duas pessoas por noite, bem como aos custos envolvidos com aquele serviço.
Todos sabemos que o país atravessa uma grave crise económica e que a administração pública tem que optimizar serviços e meios que afinal são suportados por todos nós.
Sabemos igualmente que o direito aos serviços de saúde por parte dos cidadãos está constitucionalmente garantido e que quando se trata da saúde pública a rentabilidade dos meios utilizados passa pela qualidade e oportunidade dos serviços dispensados e que se for salva uma vida num mês, os gastos que devem ser equilibrados, ficam plenamente justificados.
Se tal serviço deixar de ser permanente, quais são as alternativas com que o cidadão poderá contar, não será por certo com o serviço de urgências do Hospital de Torres Vedras que está longe de responder às actuais solicitações.
Sabe-se que a construção do novo Centro de saúde do Cadaval está em marcha, entretanto o que está a fazer a nossa autarquia sobre este evental encerramento de serviços?
Que posições devem os cidadãos tomar face a esta cega decisão do Governo! A mesma terá o apoio da autarquia?
Deixe o seu comentário. Talvez seja uma forma de todos contribuirmos positivamente para uma decisão que salvaguarde o interesse dos Cadavalenses.